sábado, 27 de dezembro de 2014

Reformulação!

Olá, pessoal! Quanto tempo, hein?! O blog estava inativo havia cerca de dois anos, porém, em virtude de um novo projeto estamos reformulando e reativando o Esquizofrenias Cotidianas! Um novo formato, mais interativo, novo layout e uma equipe de quatro pessoas compondo o blog, com direito até a um "vlog"! rs

Em breve relançaremos esse espaço! Fique ligado e fique conosco! Afinal, estamos de volta! 
;)





segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Inpirações, rabiscos e um feliz 2011!

Estava com saudade de escrever algo nesse espaço. Afinal, foi para isso que o criei. Para escrever, divagar, compartilhar pensamentos, questionamentos e momentos também, por que não!? É bem verdade que o ano de 2010, que terá seu derradeiro dia ainda essa semana, foi de muito trabalho e afazeres. Não estou a reclamar, muito pelo contrário. O ano de 2010 foi muito interessante, em todos os sentidos, e me trouxe muitas experiências. Só tenho a agradecer. De todo modo, os diversos compromissos me afastaram um pouco da blogosfera e das redes sociais. Mas, estou voltando aos poucos... Essas mal-traçadas são prova legítima disso... rs
A questão não é somente esta, no entanto. Escrever, para mim, sempre esteve associado à inspiração e ao prazer; ao prazer de escrever. E acredito que o prazer da escrita também esteja atrelado a mesma e supracitada inspiração. E não é todo dia que estamos inspirados e afeitos à escrita. Certa feita, numa palestra, o grande contista Clauder Arcanjo atestou que, para ele, a escrita estava relacionada, sim, a um exercício rotineiro, metódico e sistemático do próprio escrever. Não somente a isso, obviamente, também às inspirações cotidianas. Sentar 8 horas diárias, quando os outros afazeres permitiam, em frente ao computador e escrever. Acredito que seja uma ótima metodologia; somar disciplina e inspiração. Como não sou tão disciplinado, dependo muito mais da inspiração... Até mesmo em relação aos escritos pertinentes à vida acadêmica (artigos, ensaios e análogos), muito embora em relação a esses últimos eu não possa me dar ao "luxo" de escrever somente quando estiver "inspirado"... rs
Penso que há formas, contudo, de inspirar-se. Cada um, à sua maneira, tem suas receitas de "inspiração". "Após o absinto a inspiração sempre vem, assim como o vento parece sempre soprar tenro se o coração está em paz; assim como as cores vívidas sempre dissiparão o cendrado frio quando a chuva cessar". É questão de inspiração. 
Aproveitando o ensejo, que todos nós tenhamos um ano de 2011 fantástico, cheio de alegrias, vitórias, sucessos, e, sobretudo, paz, saúde e outrossim inspiração, claro! Que assim seja, pois. E que também continuemos a compartilhar esse espaço do Esquizofrenias Cotidianas. Prometo tentar ser mais assíduo!
Um 2011 maravilhoso para todos nós! Feliz ano novo!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A necessidade do "foco" (ou por uma questão de foco)

O cerne parece estar no foco. Esses dias estive pensando sobre isso. Sempre tive essa convicção, a da necessidade do foco. Talvez, simplesmente, nunca tenha refletido acerca. Esses dias o fiz. Percebi que se estivermos vacilando quanto a isso, as coisas não andam como deveriam, ou ao menos como queríamos que andassem. Se você não o tem definido [o foco], mais ou menos delimitado, certamente andará a esmo. Quem já não ouviu a expressão: "é preciso ter foco"; "foco, foco, alvo, escopo, foco"! Parece que ele é realmente necessário. A bem da verdade, não conheço ninguém que sempre teve às claras seus objetivos e alvos que não lograram bons frutos. Perceba, não estou falando dos caminhos, que podem ser árduos, pedregosos, difíceis, bifurcos, etc. No meio do caminho pode haver "uma pedra", ou várias, todavia, havendo clareza de onde se quer chegar, os óbices serão superados. Talvez, nalguma medida, a questão do foco associe-se também ao pragmatismo. Talvez. Está ligada também aos sonhos e almejos. Contudo, tenho como certo que é imprescindível saber onde se quer chegar, até onde estamos dispostos a ir para que nossos sonhos e desejos possam ser transformados em realidade. Geralmente, não é fácil. O foco, ademais, é quem nos ajuda na tarefa, não raro complexa, de estabelecer as "prioridades". Definitivamente, não dá para "abarcar o mundo com as pernas", como se diz. É preciso clareza, determinação, estabelecer as prioridades, força de vontade e muita ralação, trabalho. E, como não poderia deixar de ser, é preciso "foco", tema dessas mal-traçadas. Sendo assim, ainda é tempo de correr e atingir nosso alvo, desde que saibamos qual é ele. Não se sabe? Também ainda é tempo de pensarmos a respeito. Go ahead!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Surto antiindígena

Car@s amig@s, posto abaixo artigo de 2008, mas que retrata de maneira fidedigna e bastante atual a difícil situação proveniente da contenda entre indígenas e grandes latifundiários por terras que histórica e constitucionalmente pertencem (ao menos seu usufruto) a grupos indígenas. O artigo foi originalmente publicado pelo jornal O Estado de São Paulo, em 28/04/2008. Escrito por dois grandes estudiosos das questões e povos indígenas, a saber Boris Fausto e Carlos Fausto, o artigo mostra bem o surto antiindígena e conservador que volta a pairar sobre nossas cabeças. Para ler e refletir sobre a questão. 




[O Estado de São Paulo, 28/04/2008] Na última semana, certos órgãos de imprensa, ideólogos conservadores e setores militares sofreram um verdadeiro surto antiindígena, diante da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, que se arrasta há três anos, desde sua homologação. Curiosamente, seis (isso mesmo, seis!) arrozeiros que ocuparam terras públicas, reconhecidas como indígenas, nas três últimas décadas, tornaram-se, de um dia para o outro, vítimas de um suposto conluio, reunindo ONGs internacionais e setores do governo. Do baú se retiraram inúmeros fantasmas – “ameaça à soberania nacional”, “guerra étnica”, “internacionalização”, “risco ao desenvolvimento”. E a responsabilidade por essas ameaças passou a ser, para citar o título de um editorial do jornal O Globo, a “sandice indígena”. Mas a sandice é exatamente de quem? O que se esconde por trás dessas imagens de uma ameaça (pele) vermelha?
Trata-se, é claro, de uma campanha bem orquestrada, conectando uma situação regional ao espaço público nacional e às principais instituições da República. Mas quais são os fatos? A Polícia Federal foi chamada a fazer a desintrusão de uma área indígena quando já encerrado o procedimento homologatório. Alguns poucos produtores de arroz se armaram, com o apoio político local, para resistir, queimando pontes e ameaçando usar táticas terroristas. Esses produtores não possuem títulos legítimos sobre as terras que ocupam. Contudo, acatando ação proposta pelo governo de Roraima, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a operação da Polícia Federal, adiando-a até o julgamento do mérito da questão, em meio às críticas furiosas contra os direitos indígenas.
Por que falar em direitos? Porque os povos falantes de línguas das famílias karib e arawak que lá habitam são descendentes de populações que chegaram à região há, possivelmente, 3 mil anos. A partir do século 17, esses povos se viram colocados na intersecção do colonialismo português e holandês. Objeto de disputa entre as nações européias, sofreram ataques militares, foram escravizados, aldeados e catequizados, mas resistiram, numa fronteira que só seria definida em 1904, quando cessou um contencioso territorial entre o Brasil e a Inglaterra.
A Constituição de 1988 reconhece aos indígenas o direito a essas terras e a regulamentação complementar define o processo administrativo para tal reconhecimento. Isso não significa que os índios passem a ser proprietários da área: eles têm a posse, mas não o domínio, que pertence à União. Esse fato, aliás, foi bem ressaltado pelo então procurador da República, Gilmar Ferreira Mendes, no âmbito da Ação Cível Originária nº 362 (Estado de Mato Grosso versus União Federal e Funai), em 1987.
Se as terras indígenas são parte dos bens da União, cabe ao poder central protegê-las. O Exército ou a Polícia Federal podem (e devem) lá entrar para garantir a segurança da fronteira, combater atividades criminosas, enfrentar emergências sanitárias, etc. Note-se que, no caso de Roraima, foram os arrozeiros, e não os índios, que impediram a entrada da Polícia Federal. Por que, então, seriam as terras indígenas, e não as grandes propriedades privadas, que ameaçariam nossas fronteiras? E se os proprietários fossem grupos ou corporações estrangeiras, haveria ameaça maior, como certamente diriam os nacionalistas?
É triste constatar que se faça tanto alarde em torno de 1,7 milhão de hectares habitados por 18 mil índios, com ocupação ininterrupta por milhares de anos, e poucos se escandalizem com a apropriação ilegal de áreas imensas, às vezes maiores do que essa, por um só proprietário. Boa parte dos títulos de terra na Amazônia possui cadeias dominais duvidosas, gerando situações de superposição e de violência. Enquanto o Estado brasileiro não regularizar esta situação, o desenvolvimento econômico na região tende a ser um rótulo enganoso para a depredação ambiental, a reprodução da miséria e a usurpação do patrimônio público.
O que está em jogo nessa polêmica não é apenas a Raposa Serra do Sol. É um princípio constitucional que assegura a integridade física e cultural dos índios. Transformar as áreas indígenas em “ilhas” é uma velha idéia (e um velho sonho) conservadora. O saudoso ministro do STF Victor Nunes Leal, ao tratar de questão similar, já alertava para os perigos, asseverando: “Aqui não se trata do direito de propriedade comum. (…) Não está em jogo (…) um conceito de posse, nem de domínio, no sentido civilista dos vocábulos; trata-se do hábitat de um povo. (…) Se (a área) foi reduzida por lei posterior, se o Estado a diminuiu de dez mil hectares, amanhã a reduziria em outros dez, depois, mais dez, e poderia acabar confinando os índios a um pequeno trato, até o terreiro da aldeia (…)” (Recurso Extraordinário nº 44.585, Rel. Min. Victor Nunes Leal, Referências da Súmula do STF, v. 25, pp. 360-61). Para evitar esse risco, a Constituição de 1988 reconheceu aos índios o direito originário sobre suas terras.
A defesa da diversidade étnica, cultural e lingüística no Brasil não põe em risco a integralidade do território nacional nem promove uma guerra étnica ou a criação de uma suposta “nação indígena”. O que nossa Constituição garante é o direito à diversidade, vendo nisso um elemento positivo para a construção de uma Nação mais rica e mais generosa. Felizmente, já se vai o tempo em que todos devíamos ser assimilados a um só modelo. Pena que alguns continuem a flertar com uma visão de ordem-unida. Façamos votos para que o STF tome a decisão acertada e não provoque um retrocesso em nosso país.

* Boris Fausto, historiador, é presidente do conselho acadêmico do Gacint (USP) e autor, entre outros, de História do Brasil (Edusp);


* Carlos Fausto, antropólogo, é professor do Museu Nacional (UFRJ) e autor, entre outros, de Inimigos Fiéis: História, Guerra e Xamanismo na Amazônia (Edusp).

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Gerais e reticências...

Política (ou politiqueira) Potiguar: No cenário político potiguar, no que concerne às próximas eleições, o momento é de indecisão. A verdade é que até a data limite para desincompatibilização dos cargos, para quem almeja ser candidato, tudo (ou nada) pode acontecer. Some-se a isso as mil e uma versões e palpites que são soltos aos quatro ventos... Aguardemos, por ora, é mais prudente.



Revista Papangu - nova edição: Segundo o amigo Tulio Ratto, grande chargista e editor-chefe da Revista Papangu, a supracitada publicação estará saindo do forno nos dias vindouros. Por suas características e propósitos, a Papangu merece todo nosso prestígio. Parafraseando Ronnie James Dio, expoente do Heavy Metal, "Long Live Papangu"!


Stand-UP Comedy com Oscar Filho, do CQC: Aproxima-se a data de apresentação do humorista e jornalista do CQC Oscar Filho, na terra dos monxorós. Oscar Filho apresentará ao público mossoroense seu espetáculo de humor Stand-UP Comedy "Putz Grill...". A abertura ficará a cargo do grande poeta e orgulho mossoroense, membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), Antonio Francisco. Essa é nossa primeira investida no ano de 2010. Detonação Produções a pleno vapor! Ademais, já fechamos com a banda paulistana, cotada como uma das melhores bandas de Heavy Metal nacional na atualidade, Ravenland (Site oficial) (My Space) e com a cearense Clamus (My Space). Em breve estaremos divulgando datas e maiores informações.



Tio Colorau: Indico para leitura o blog do amigo Erasmo Firmino, o prestigiado e líder em acessos na região Tio Colorau. Atualizado diariamente, sempre atento e trazendo coisas novas, sobremaneira no que diz respeito ao panorama político-social da nossa cidade e Estado. Particularmente, aprecio a escrita leve e irreverente de Erasmo. No mais, é conferir: www.tiocolorau.com.br.


(A falta de um) Cinema em Mossoró: Os amantes da sétima arte continuam orfãos de um cinema na cidade. Há pouco mais de dois anos perdíamos nossa única sala: o saudoso Cine Pax. Mesmo com suas deficiências, faz muita falta. A promessa de cinco salas de cinema no Mossoró West Shopping continuam a ser promessas... Entretanto, iniciou-se no Twitter essa semana um movimento denominado #CINEMAJA #MOSSORO. Estão à frente da coisa aqueles não resignados com a situação e que não admitem que tenhamos que viajar quase trezentos quilômetros, Natal ou Fortaleza, para poder assistir um filme no cinema. Avante, pois, e contem conosco!


Verão, chuvas e o perigo da dengue: Com o advento do verão e das chuvas aumentam os riscos do foco da dengue e da proliferação da doença. Mossoró, infelizmente, há três anos está entre as cinco cidades do Brasil (isso mesmo, do Brasil) com maior potencial para um surto da doença. É preciso que o poder público e principalmente os cidadãos redobrem os cuidados. Toda atenção é pouco. 


Copão Beach: Leio no blog do amigo Erasmo Firmino (Tio Colorau) que próximo Sábado, no condomínio Porto Bravo, na praia de Gado Bravo, a partir do meio-dia, haverá uma extraordinária da Confraria do Copão, intitulada apropriadamente de Copão Beach. A animação ficará por conta da banda A3. O encontro promete!



** Postagem feita ao som de Lynard Skynard, Bruce Dickinson solo e Angra (fase André Matos).

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Uma ode à noite

A noite cai sorrateira e densa
Deixa para trás a luz do Sol
E põe a se mostrar com a luz da Lua e o reverberar dos astros e estrelas
Matreira e rasante cai a noite
Imponente e sobranceira
Bela, intrépida, plena

Quente, fria, inspira e exorta
Em meio às sombras cendradas
Dissipadas pelo vento noturno
Segue audaz a dançar
E quando cansa se rende, se banha,
E ainda risonha entrega-se aos braços do luar

Lázaro Fabrício

A polêmica do PNDH III

Extraído do Luis Nassif Online: AQUI

Indico também: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/quem-tem-medo-da-verdade/

Considerações sobre o PNDH-3

Por André Raboni

III PNDH: desvelando uma abordagem de “crise”

por André Raboni e Andrei Barros Correia
O clima de pretensa “crise” gerada pelo decreto do III Plano Nacional de Direitos Humanos é simplesmente comovente! É uma crise para as grandes empresas de comunicação, para os setores conservadores da igreja, para ruralistas e, claro, para militares que insistem em fantasiar com o título de “revolução democrática” o golpe que afundou o país em 21 anos de obscuridade – ainda não clareados até os dias de hoje.
Não obstante o burburinho mediático acerca do decreto nº 7037, retratado nos veículos de comunicação como se este fosse o maior “atentado já visto à Nação brasileira” nos últimos… 510 anos!, (claro, os donos da mídia temem por suas concessões públicas e seus direitos de aloprar com as verdades factuais para dar vazão às suas mentiras camufladas e tendências partidárias maquiadas), sintomático mesmo é o fato de que a formalização do Plano, após diversas conferências estaduais e nacionais, mediaticamente se tornou “escandalosa” justo nos pontos relacionados a estruturas tradicionalmente assentadas nas redes do jogo do poder no País.
A pressão militar foi significativa, e o Plano acabou por receber modificações nos termos “repressões políticas” (no que diz respeito à criação da Comissão da Verdade – que, dessa forma, já surge engessada) para ser aprovado hoje (13) em um novo decreto. Ainda assim, em outros pontos não se praticaram alterações, o que é positivo. Resta saber se a “crise” atual vai prosseguir, ou se a próxima já está por vir.
Essa “crise” artificial berrada pelos agentes supracitados, e reforçada pela grande exposição na imprensa, tem tomado conta do pensamento de indivíduos e setores que poderiam, em contrário, mostrar que isso não passa de um alarde fajuto, de plástico, fake. Mas, muitos se entregam à repercussão acrítica do que se convencionou ser uma crise. Uns, muito provavelmente por ignorar de que se trata, e cultivar o hábito de repetir o que ouvem. Outros, por má-fé, mesmo.
É preciso atentar para o nome da coisa: plano. Um plano nada mais é do que um… plano. Isso significa dizer que o decreto em que foi publicado não tem um caráter imediatista de aplicação das assertivas ali planejadas. Nada se cumprirá efetivamente sem uma aprovação legislativa e/ou judicial. Convém lembrar que o direito brasileiro não conhece o regulamento autônomo. Assim, um decreto necessariamente busca seu fundamento nas leis, ou na própria Constituição. Isoladamente, não é apto a gerar quaisquer direitos ou obrigações. Pode configurar, como neste caso, uma espécie de declaração de intenções e só.
Afinal de contas, trata-se tão somente de um plano, embora o alarde mediático esteja, num dos casos mais aberrantes, dizendo que se trata de “um primeiro passo rumo à uma ditadura”. Essa proposição não somente beira, mas adentrou no ridículo sem limites. Seria inédito até para o Brasil que a proposta de discussão sobre direitos fundamentais – discussão a ser levada a cabo na sociedade e no parlamento, fosse o início de alguma ditadura. As ditaduras, mais comumente, começam com sublevações da caserna – pode ser em Minas Gerais – apoiadas por algumas naves de guerra, que podem ser nacionais ou estrangeiras.
Dizer que o III PNDH é fruto de um surto delirante e solipsista do ministro Paulo Vannucchi não é correto, porque o plano é resultado de uma série de conferências estaduais e nacionais que envolveram muitos setores da sociedade civil, e também do governo. Além disso, é bom saber que o III PNDH segue no esteio do primeiro Plano de Direitos Humanos, que remonta ao primeiro governo FHC – mais precisamente ao ano de 1996. Além disso, não difere demasiadamente do II – muito embora se esperneie de forma altamente desproporcional nesse início de 2010.
Esses planos de direitos humanos, por sua vez, resultam sobremaneira da Declaração de Viena, um documento subscrito por 171 países que tiveram assento na Conferência Mundial sobre os Direitos Humanos, que ocorreu em 1993. Esta informação é de fundamental importância, pois a Conferência Mundial marcou uma inversão da lógica predominante durante as décadas da Guerra Fria. Foi ali que se estabeleceu a interdependência entre os direitos humanos, o desenvolvimento econômico e os preceitos democráticos.
Esse avanço nos termos do direito global foi bastante significativo – ainda que as instituições globais de direito, em muitos casos, prestem-se mais a um papel meramente formal, e menos efetivo. Não obstante a evidente inefetividade do imenso catálogo de direitos humanos – ou fundamentais – está claro que eles foram enunciados e que os Estados signatários aderiram a quanto ali se declara. Inclusive, parte do compromisso assumido consiste em formatar o que será discutido e submetido à análise dos parlamentos. Ou seja, mais uma vez o óbvio incontornável, fazer planos!
Sem pretender adentrar em considerações teóricas profundas sobre teoria do Estado, está evidente que a confecção e publicação de um plano como o III PNDH é atitude absolutamente inserida na lógica da democracia. Ou seja, na lógica da discussão prévia e da tomada de decisões a partir da entidade competente para tanto: o Congresso Nacional.
O caráter de chantagem e de artificialismo da “crise” que se pretende decorrente do plano evidencia-se na consideração de que suas proposições podem ser rejeitadas no parlamento, assim como podem ser aprovadas. Em qualquer dos casos terá atuado o poder legislativo competente, mandatário da soberania popular. Pode causar escândalo a proposição de alguma matéria ao congresso? Não, evidentemente, pode causar aprovação ou rejeição.
Outra falácia é a suposta ineficácia do plano, tese que tem encontrado defesa em mentes ilustradas de verdadeiros decifradores de ideogramas. Ora, países que viveram processos muitas vezes mais traumáticos de violações escamoteadas por longos períodos propuseram-se a buscar suas histórias, sem que isso fosse elemento de chantagem de uma minoria, nem motivo de acusação de abordagem de assunto proibido. O caso da Espanha é emblemático. Não se fizeram indenizações, nem houve persecução penal. Todavia, valas de mortos do franquismo são abertas, tentam-se identificar os cadáveres e apontam-se culpados inequivocamente.
Esse é um precioso exemplo a recomendar às gerações posteriores que não embarquem nas experiências levianas. Contrariamente, fazer de conta que nada houve, ou que foi resolvido com dinheiro, é dar o exemplo de que os rompimentos da ordem legal e a prática de violações de direitos fundamentais valem a pena e não trazem quaisquer consequências.
A verdade histórica – não de interpretações, mas de fatos – convém às nações que pretendem atingir níveis elevados de estabilidade política institucional e de bem-estar geral. Ou seja, convém à pacificação da existência coletiva, que implica na crença na existência de limites e no respeito aos direitos. Contrariamente, onde se pratica e se pretende o vale tudo e onde se acredita que o futuro é o esquecimento do passado, os níveis de desagregação social e de instabilidade política institucional são elevados.
Na França, por exemplo, nunca se negou o período de Vichy (1940-1944), por mais vergonhoso para o orgulho nacional francês que isso seja. Nem se deixou de investigar eventuais ligações de alguém com o colaboracionismo. A Alemanha mantém como museus campos de concentração, por mais que isso possa parecer vergonhoso. O caso é que a vergonha é de quem se viu envolvido, não da nação. Esta, a nação, deve envergonhar-se é de pretender escamotear algo.
Parece evidente que todo esse esperneio observado contra o III PNDH é muita fumaça para pouco fogo. A questão central, como não poderia deixar de ser, é que interesses estão na iminência de serem contrariados. Mas a contrariedade veio de onde historicamente não costumava vir até aqui, que foram as várias discussões entre a sociedade civil e representantes de governos Estaduais e do governo Federal. Ou seja, o Plano está inteiramente inserido no jogo democrático, e ainda mais por se tratar de um plano, onde a aplicabilidade de suas propostas depende de aprovação legislativa.
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* André Raboni é redator do Acerto de Contas e bacharel em história pela UFPE.
** Andrei Barros Correia é Procurador Federal e editor do blog A Poção de Panoramix.

Gerais e reticências...

Após alguns dias sem postar, volto com algumas mal-traçadas notas. Peço desculpas pelo lapso e prometo voltar às postagens diárias.

Inicio com algumas pautas que deram o que falar durante a semana:

* A celeuma da Adutora e a Assembléia Legislativa do RN: Finalmente, para nossa sorte, o projeto que trata acerca da adutora de Mossoró e da ampliação do sistema de abastecimento de água da região, foi aprovado. Após toda uma celeuma, em sessão extraordinária, o projeto foi votado e aprovado na Segunda, dia 11. Por conchavo, conluiu político, visando o pleito de 2010, a questão da adutora de Mossoró ficou fora da pauta da sessão anterior a do dia 11. Com a pressão da sociedade, e grande esforço de blogueiros e twitteiros, uma nova sessão foi convocada, culminando com a aprovação do projeto. Dos 20 deputados presentes à sessão 19 votaram em favor da matéria. O voto discordante foi o de José Dias (PMDB). Zé Dias já havia obstado a pauta na primeira sessão e mostrou-se novamente indiferente a causa da adutora e do povo de Mossoró e região, que há tanto tempo padece com a escassez, falta e má qualidade da água. É deveras uma obra que beneficia quase trezentas mil pessoas. ÁGUA é vida!

* Revolução "internética": Volto a reiterar que o Twitter e a Blogosfera (principalmente o primeiro, pelo modo peculiar no que diz respeito a interação entre os sujeitos) são revoluções dentro da revolução que foi a internet. A pujança dessas ferramentas e o poder de mobilização que eclode destas vem surpreendendo até os mais céticos. Que assim continue a ser, e que usemo-nas com sabedoria e inteligência.

Diferentemente da imprensa "tradicional", onde impera a subserviência, o jornalismo politiqueiro e vendido, o espaço virtual é independente, permite autonomia e ganha relevância diante do aumento do número de leitores, sobremaneira os de jornais, que passam a enxergar uma imprensa maculada, movida por interesses escusos e particulares, e não mais como facilitadora ou mediadora dos debates e embates, mas como parte interessada na "história" ($$$).

* Haiti: A tragédia no Haiti vem causando grande comoção mundial. Não poderia ser diferente diante de tamanho estrago e das centenas de milhares de vidas perdidas. Acontece que o Haiti sempre foi renegado, preterido. A despeito das ações da ONU (que também utiliza o país como celeiro para experiências, vide o caso do próprio exército brasileiro), sua população, a grande parte dela, vive com menos de R$ 50,00, numa situação de extrema pobreza e penúria. Falta-lhes tudo, sobremaneira agora. Nessa mesma tragédia o Brasil, o mundo, na verdade, perdeu uma de suas maiores e mais obstinadas ativistas: Zilda Arns. Médica, criadora da Pastoral da Criança e do Idoso, além de participar de vários outros projetos e atuar em 11 países, lutar avidamente contra a fome e por condições melhores para os mais carentes e necessitados, Zilda foi acima de tudo exemplo de humanista e de ser humano. Uma mulher iluminada, que muito nos orgulha, cujo trabalho social suplantou fronteiras e contribuiu para a melhoria de vida de milhões de pessoas, sobretudo crianças. Perdemos também diversos compatriotas, irmãos de pátria, que serviram sua nação através do Exército brasileiro. Que descansem em paz.

A pobreza, as disputas políticas, e as propensões à insurreição são apenas alguns dos óbices enfrentados pela gente humilde do Haiti, cuja situação é desesperadora. Indubitavelmente, independente das ajudas recebidas e da vida que prossegue, o triste fato deixará cicatrizes profundas no povo haitiano, já tão marcado pelas chagas do sofrimento. Que dias melhores e prósperos possam dar a luz.

* "Amarelinhos": Não bastassem as perseguições, represálias e a imposição de regime militar provenientes do Palácio da Resistência, os agentes de trânsito (amarelinhos) do município vêm encontrando resistência em meio a sociedade mossoroense. Depois do caso do "apresentador" de TV que ameaçou toda a classe, com direito inclusive a uma apologia gratuita à violência, ontem foi a vez do "nobre edil" Chico da Prefeitura afrontar toda a classe de agentes, em frente ao Getran, com brados e despropérios. Acontece que algumas "figuras" mossoroenses estão mais que acostumadas a prerrogativas, privilégios em virtude do ofício que exercem ou cargo que ocupam. "Jornalistas", "políticos", juízes, promotores, advogados, profissionais liberais etc, com as devidas exceções, claro, até porque generalizar seria um erro pueril, ao se depararem com um novo cenário, composto por regras que servem para todos, não conseguem assimilar, muito menos admitir serem tratados como os demais. Entretanto, é o que tem que ser feito! A equidade e a ética devem nortear o trabalho de todos. Chega de benefícios, privilégios e "jeitinho brasileiro". Os agentes de trânsito municipal estão de parabéns pelo excelente - e mais que necessário - trabalho que vêm desenvolvendo e pela postura ética em suas atuações e autuações. Como complemento indico a leitura dos comentários do jornalista Carlos Santos (AQUI) e dos próprios agentes de trânsito (AQUI).

Mais a frente prometo escrever um ensaio breve abordando essa questão do "jeitinho brasileiro" numa perspectiva socio-antropológica.


* OSCAR FILHO, do CQC, em Mossoró: Continuamos o trabalho de produção para o STAND-UP COMEDY com o OSCAR FILHO, do CQC. Será o primeiro evento da Detonação Produções em 2010. O evento acontecerá dia 06 de Março, às 20h, no Teatro Dix-Huit Rosado. A abertura ficará a cargo do grande poeta, cordelista e amigo ANTONIO FRANCISCO. Em breve estaremos anunciando a venda de senhas. O evento promete uma noite de muita alegria, diversão e entretenimento, além de casa cheia! Avante!

Mas, afinal, o que é STAND-UP COMEDY? Abaixo um pequeno texto que lhe ajudará a compreender:

Stand-Up Comedy é um espetáculo de humor executado geralmente por apenas um comediante. O humorista se apresenta em grande parte das vezes em pé (daí o termo ’stand up’), sem acessórios, cenários, caracterização, personagem ou o recurso teatral da quarta parede, diferenciando o stand up de um monólogo tradicional. Também chamado de humor de cara limpa, termo usado por alguns comediantes. O texto é sempre original, normalmente construído a partir de observações do dia-a-dia e do cotidiano. Praticamente qualquer coisa pode ser usada como ingrediente na comédia stand-up. Muitos comediantes trabalham durante anos para lapidar 60 ou 70 minutos de material humorístico, que normalmente executam aos pedaços várias e várias vezes, aperfeiçoando lentamente cada piada com o passar do tempo.
O estilo é considerado por muitos um dos gêneros mais difíceis de se executar e dominar, talvez porque o artista em cena esteja desarmado, despido de personagens, apresentando suas idéias à respeito das coisas do mundo, e ainda esteja à mercê da platéia: não raro deve-se ajustar rapidamente sua apresentação de acordo com o humor e gosto de uma platéia específica.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Gerais e reticências...

* Fim de semana chegando e algumas coisas ainda pendentes... rs Para o blog, prometo tentar postar algumas linhas e/ou comentários acerca do cenário político potiguar e, se der tempo (caso não dê faço na próxima semana), um trecho (devidamente adaptado para o blog) de minha pesquisa sobre a questão do Consumo na contemporaneidade.


* Amanhã é o niver do grande amigo jornalista Tuca Viegas, e acontecerá no novo point da galera, o "RaTTos Bar e Buffet"... rsrs


* Produção do StandUP Comedy do Oscar Filho continua a pleno vapor! O espetáculo acontecerá no dia 06 de Março, no Teatro Dix-Huit Rosado. Essa é apenas uma das várias produções programadas pela Detonação Produções para o ano em voga. Avante, pois!

O poder inebriante da música...

Os pêlos arrepiam-se com o andamento da música
Que dita o pulsar do coração e o regozijo da alma
Que transcende através do sentimento que emana do som que toca em meu fone de ouvido

Teletransporto-me e viajo a um mundo peculiar
Onde as cores, em consonância com a combinação
perfeita de sons, imergi-me em desenhos amorfos, passos descompasados e momentos inebriantes

A emoção avassaladora que me toma e o descomedido bater do coração como quando de uma dose de absinto, como quando de um beijo doce de minha amada, como do nascer do Sol ou do movimento das ondas do mar, tornam-me livre, tornam-me parte da música que se torna parte de mim...

Que som é esse denominado Rock 'n' Roll que ao expelir sua chama, incendeia o coração e o enche de um sentimento único, perceptível apenas quando da aflorada sensibilidade, visto apenas com os olhos do espírito?

Como as flores do jardim que brotam com as gotas de chuva que molham a terra e que fazem a semente germinar, floresce o Rock 'n' Roll em minh'alma e a música inspira-me porque também sou a música, sou o som, sou o vento que carrega as notas musicais em seu pequeno bolso e que as espalha em cada esquina, em cada rua;
Uma trova desnuda;
Uma poesia cantante de sentimentos extasiantes...


Lázaro Fabrício
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