quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Pictorial Paisagem Cendrada


Mantenho-me a salvo dos projéteis que me atingem todos os dias, assim penso, mesmo sabendo que não é possível sair incólume.
Da minha janela observo a vida a transcorrer lá fora: incauta, imperfeita.
O incessante vai e vem de automóveis, o alardear das buzinas, os passos apressados, a vida em desvario... Tudo parece tão banal...
As guerras, a fome, a miséria... Tudo se torna tão normal, trivial; Parte do cotidiano.

O mundo declina e as pessoas permanecem indiferentes, alheias, inertes, apáticas...
Somos alienados por aquilo que nos cega, que nos corrompe e, ainda assim, relutamos em abrir os olhos...
Seguimos como zumbis o caminho ditado por outros...

De minha janela, persisto a observar o perpassar que se processa do lado de fora: Pictorial paisagem cendrada...
Absorto, prefiro ser louco a viver nesse mundo de “normais”...
Prefiro a intensidade do sentir à apatia da razão...

Em meio aos faróis que acendem e se apagam, a chama do meu coração permanece intacta, incólume, transcendental...
E a indignação do meu ser, excelsa.
No vai e vem dos corpos que seguem, abstraídos, reclusos, em mundos distintos e peculiares a obscura inércia, responsável por causar ruína, declínio e degradação do ser, continua perceptível, eminente...
A cratera está aberta e, lentamente, estamos a cair... Um a um.

Lázaro Fabrício


Foto: www.baixaki.com.br

Um comentário:

Amana Raab disse...

O melhor que li até agora.

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